Nota Oficial do Cofecon – Pela redução da taxa básica de juros (Selic)

Nota Oficial do Cofecon – Pela redução da taxa básica de juros (Selic)

- in Últimas Notícias
0
Comentários desativados em Nota Oficial do Cofecon – Pela redução da taxa básica de juros (Selic)

O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, em sua reunião de 9/12/2025. Para justificar as elevadas taxas de juros no Brasil, parte dos economistas e da mídia afirmam que a inflação, em torno de 4,5% ao ano, está muito elevada, fora de controle. No entanto, o povo brasileiro sabe muito bem o que é uma taxa de inflação elevada e suas consequências para seu poder de compra e para a economia nacional, tendo já convivido com inflação de incríveis 2.477% em 1993. Entre 1951 e 1994, a inflação no Brasil foi quase sempre elevada, sendo que em 41 desses 44 anos, a taxa anual de inflação ficou acima de 20% e nunca abaixo de 9% ao ano.

Já a partir de 1995, e notadamente a partir de 2005, a taxa de inflação brasileira vergou acentuadamente para baixo. Nos 21 anos entre 2005 e 2025, exceto em 2015 (forte crise econômica) e 2021 (ano mais crítico da pandemia da Covid 19), nunca excedeu a 6,5%.

Não se sustentam, no entanto, os argumentos de que a inflação no Brasil se dá por pressão da demanda e que deve ser combatida pelo aumento da taxa de juros. A inflação brasileira tem causas estruturais, como as características do mercado, significativamente oligopolizado, a extremada concentração de renda, a indexação ou reajuste automático de preços e contratos e a influência da volatilidade cambial, como os demais países de moedas não conversíveis. E são mais do que conhecidas as consequências de uma Selic tão elevada: aumento dos gastos com juros da dívida pública para R$ 1 trilhão/ano, encarecimento do crédito (às empresas e às famílias), queda do consumo, da geração de empregos e do PIB. O ritmo de crescimento do PIB perde velocidade: de 4,1% no 3º trimestre de 2024, ante o mesmo período do ano anterior, 3,6% no 4º trimestre/2024; 3,1%no primeiro tri 2025; 2,4% no 2º tri e 1,8% no 3º trimestre.

Nos 14 anos entre 2005 e 2018, com a meta de inflação fixada em 4,5% (e banda superior de 6,0% ou 6,5%), apenas na crise econômica de 2015 o teto da meta foi “superado”. Entretanto, a partir de 2021, com a meta sendo gradativamente reduzida até chegar aos atuais 3,0%, com teto em 4,5%, e mesmo com inflação baixa (entre 4,31% e 5,79%, em quatro dos cinco anos, já considerando a projeção de 4,4% para 2025) o teto da meta foi ultrapassado. Se tivesse sido mantida a meta de 4,5% e a banda superior de 6,0%, não teria havido estouro da meta em nenhum dos anos, exceto em 2021, o que ocorreu em quase todos os países em razão da pandemia de Covid.

Há algum tempo o Cofecon vem apontando como injustificável a meta de inflação de 3% ao ano (com teto de tolerância de 4,5%) estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), cujo não atingimento tem sido o argumento utilizado pelo Banco Central (BC) para a manutenção de uma taxa de juro básica (Selic) em patamar excessivamente elevado (15%). Em 2024 o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 4,83%, pífios 0,33 p.p. acima do teto da meta. Em 2025, o IPCA acumulado de 12 meses, até novembro, está em 4,46%, já abaixo, portanto, do teto da meta. Trata-se de uma taxa de inflação absolutamente condizente com as condições econômicas e sociais do país e em linha com a verificada nos países com estrutura econômica similar à nossa.

Ao promover uma injustificável redução da meta de inflação para 3,0% a.a. – tão irreal para o caso brasileiro pelos fatores já apontados, o CMN deu ao mercado financeiro o pretexto para que o BC mantenha uma taxa de juros elevada. E é o que o BC tem feito desde setembro de 2024, tendo elevado a Selic de 10,5% para os atuais 15,0%.

Argumenta-se que a inflação no Brasil estaria muito acima da registrada nos demais países, algo que não se confirma na prática. Considerando os países emergentes do G-20 e do BRICS, que respondem por cerca de 50% do PIB global, a taxa média de inflação em 2024 foi de 8,1%, 68% acima da ocorrida no Brasil. Em diversos países, ela foi muito acima: Turquia (44,4%), Egito (33,3%), Nigéria (32,5%), Irã (31,7%) e Paquistão (23,4%), sem falar na Argentina (116,6%). Em outros casos, foi um pouco acima ou idêntica à verificada no Brasil: Rússia (9,3%), Colômbia (6,7%), Índia (6,0%), México (4,7%) e África do Sul (4,7%).

A taxa de inflação no Brasil situa-se bem abaixo da que historicamente registramos e absolutamente condizente com países com economias similares às nossas. No entanto, nenhum desses países adota taxas de juros elevadas para combater a inflação. Com a Selic em 15% ao ano, o Brasil tem, junto com a Turquia, a maior taxa de juro real do planeta (10,0%), muito acima da África do Sul (5,3%), Rússia (4,8%), México (4,5%), Colômbia (4,4%), Indonésia (3,7%) e Índia (3,4%).

Ao perseguir uma meta de inflação excessivamente apertada (3,0% ao ano), o BC adota uma taxa de juros muito elevada uma vez que recebe o mandato de atingi-la. Lembrando que a meta é estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), integrado pelo presidente do BC e os ministros da Fazenda e o Planejamento e Orçamento. O IPCA deverá fechar 2025 em 4,4%, segundo projeções do mercado financeiro (Boletim Focus). O Conselho Federal de Economia (Cofecon) sustenta que não há qualquer risco de descontrole inflacionário no Brasil e defende a redução das taxas de juros e o retorno do centro da meta de inflação para 4,5% ao ano

Conselho Federal de Economia  
15 de dezembro de 2025 

About the author

You may also like

Kamagra 100 Mg Oral Jelly Black Currant Flavour

Kamagra Oral Jelly Rm Farmacia tadalafilo 5 mg