Reforma do Caindé prevê R$ 700 milhões para modernizar o estádio da Portuguesa em São Paulo, mas impasse com a Prefeitura ameaça o projeto

Otávio Preto
13 de novembro de 2025

A reforma do Caindé promete transformar a casa da Portuguesa em São Paulo, mas a obra depende da regularização do terreno. – Imagem: Reprodução
Quem passa pela Marginal Tietê, seja rumo ao lado leste ou oeste da cidade de São Paulo, dificilmente não nota o tradicional Estádio do Canindé, da Portuguesa. Inaugurado em 1956 e palco de grandes disputas, o espaço hoje tem sinais claros de obsolescência, porém, há um projeto ambicioso de transformação que pode trazê-lo de volta aos holofotes — isso, claro, se o projeto sair do papel.
Com início programado para janeiro de 2026, a reforma é no mínimo ambiciosa. A lusa pretende mais do que duplicar sua capacidade: saindo de pouco mais de 21 mil para 51.185 assentos — sendo 4.685 destinados aos camarotes. Para shows, a promessa é de caber 84.500 pessoas.

O projeto foi desenvolvido pelo arquiteto Jayme Mestieri, da JLM Architecture, e apresentado junto ao CFO da Revee, Leonardo Falbo Donato, que detalhou a parte financeira da obra.
“Estamos entregando um projeto de estádio moderno, capaz de receber não apenas os jogos da Portuguesa, mas também grandes eventos. É um ganho para o clube e para toda a cidade de São Paulo”, afirmou Alex Bourgeois, CEO da SAF, durante a apresentação do projeto.
A projeção é de que o custo médio seja de R$ 700 milhões e de que as obras sejam finalizadas no prazo de 40 meses (3 anos e 4 meses) a partir do início do próximo ano — assim terminando em abril de 2029.
Pelo menos, era o que se esperava quando o anúncio foi feito, em agosto deste ano.
Os empecilhos para a reforma do Canindé
O projeto em si já é algo ambicioso, já que se trata de um clube que atualmente disputa a Série D do campeonato brasileiro e ficou entre as últimas colocações do Paulistão de 2025. Além da magnitude do projeto, porém, o clube já enfrenta dificuldades envolvendo a prefeitura de São Paulo.
A principal pedra no caminho, segundo o Estado de S. Paulo, se trata de que metade da área física do estádio pertence ao município de São Paulo e ainda não está regularizada para os fins pretendidos pelo clube, pela SAF (Sociedade Anônima de Futebol) e pelos investidores.
A área total da sede da Portuguesa tem cerca de 110 mil metros quadrados, sendo que aproximadamente 55 mil m² são de propriedade da Prefeitura, com uso irregular ou ainda em negociação. Apenas cerca de 14 mil m² desse terreno já teriam sido regularizados.
Esse quadro gera várias implicações (e possíveis atrasos) no andamento da obra:
- A necessidade de concessão ou cessão formal da parte municipal para que o projeto possa iniciar.
- A exigência de contrapartidas urbanísticas por parte da Prefeitura, como abertura ou alargamento de vias e construção de infraestrutura no entorno do estádio, antes ou durante a reforma.
- A incerteza jurídica que impede o início da obra com segurança de que a regularização fundiária está concluída.
Essa indefinição sobre a titularidade e uso da área coloca em risco o cronograma anunciado e aumenta o risco de que o investimento milionário possa sofrer alterações.
Procurada, a assessoria da Portuguesa informou que o clube disputará o Paulistão 2026 (de 11 de janeiro à 8 de março, caso chegue à final) e de que as obras para o novo estádio comece após o fim do campeonato estadual.
Confira mais fotos do projeto da reforma do Estádio do Canindé:




Otávio Preto
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