A meta de zero líquido de CO2 até 2050 é realista?

A meta de zero líquido de CO2 até 2050 é realista?

- in Notícias
0
Comentários desativados em A meta de zero líquido de CO2 até 2050 é realista?

Gianna-Carina Grün | Rodrigo Menegat Schuinski | Holly Young
Publicado 9 de novembro de 2021Última atualização há 9 horasAumenta pressão sobre líderes presentes à COP30 para impedir que mudanças climáticas se acelerem ainda mais. Mas, mesmo com avanço das energias renováveis, fim do uso de combustíveis fósseis continua distante.

https://p.dw.com/p/42mts

Painéis de energia fotovoltaica e turbina eólica em campo florido Fontes renováveis de energia, como a solar e a eólica, avançam segura, mas lentamenteFoto: VRD – Fotolia Anúncio
O tempo está se esgotando para evitar os piores impactos da crise climática e preservar um planeta habitável, onde os seres humanos e outras espécies possam prosperar.

Cientistas concordam que isso exigirá limitar o aumento da temperatura média global a 2 °C em relação aos níveis pré-industriais – e, idealmente, a 1,5 °C – conforme estabelecido no Acordo de Paris de 2015.

Para isso, os países precisam reduzir as emissões de gases que causam o efeito estufa em 45% até 2030 e chegar ao zero líquido em termos de CO2 até 2050. Ou seja, os países precisam retirar da atmosfera uma quantidade de dióxido de carbono igual à que emitem. Ou, melhor ainda, não emitir nada.

Porém, os progressos feitos nos últimos anos foram pequenos. Então, em que ponto o mundo está em relação ao cumprimento dessas metas?

1. Quanto a humanidade depende de combustíveis fósseis?

Abandonar o carvão mineral, petróleo e gás natural seria um primeiro passo importante na direção da neutralidade carbônica. Contudo, a maior parte das economias ainda depende seriamente de combustíveis fósseis, e a quota das fontes renováveis na matriz energética só cresce lentamente.

Segundo a organização de empresas do setor energético Energy Institute, em 2024, os atuais líderes regionais em consumo energético de fontes renováveis são a Noruega na Europa (73%), Brasil nas Américas (51%), Nova Zelândia (42%) e Vietnã (23%) na Ásia-Pacífico.

Enquanto isso, países como Arábia Saudita, Argélia, Trinidad e Tobago, Kuwait, Singapura, Iraque, Catar e Turquemenistão ainda dependem dos combustíveis fósseis para mais de 99% de sua energia. Com 87%, a Polônia apresenta a maior cota na Europa.

No entanto os maiores focos de usinas movidas a carvão mineral estão em outros locais: das 6.552 centrais em atividade, 3.269 se situam na China, 850 na Índia e 391 nos Estados Unidos. Essas posições no ranking não foram alteradas mesmo após esses três países terem, ao todo, desativado, aposentado e cancelado 3.940 usinas a carvão desde o ano 2000, de acordo como o Monitor Global de Energia, uma ONG que analisa dados do setor energético.

Para se ater ao Acordo de Paris, de 2015, o mundo precisa abandonar rapidamente o carvão. Segundo o think tank Climate Analytics, até 2030 seria necessário reduzir os níveis de consumo em 80% em relação a 2010.

2. De onde vem a energia para aquecimento e eletricidade?

O consumo total de energia apresentado acima se distribui por três setores: transportes, eletricidade e calefação. Uma análise da Agência Internacional de Energia (AIE) conclui que “prover aquecimento a lares, indústria e outras aplicações responde por cerca da metade do consumo total de energia”.

Atualmente, aproximadamente 14% dessa energia é oriunda de fontes renováveis, cota que deverá chegar a 18% até 2028, estima a AIE. Em edifícios compartilhados, com apartamentos alugados, não há sempre a possibilidade de escolher a forma de calefação, mas em geral os consumidores podem optar por sua fonte de eletricidade.

O Oriente Médio é atualmente a região com a menor percentagem de uso fontes renováveis para a eletricidade (5%). Outras, como a África (24%) e, em especial, a América Latina e Caribe (63%), tem um desempenho muito melhor, ainda mais se for considerado que as três produzem quantidades semelhantes de energia.

A geração de eletricidade é também importante para a transição do setor de transportes a um futuro de neutralidade carbônica. Os veículos elétricos continuarão sendo nocivos ao clima se a energia usada para carregá-los for gerada por combustíveis fósseis.

3. Como o setor de transportes está se transformando?

O progresso é lento. Embora em geral o número de automóveis vendidos esteja caindo, a grande maioria ainda tem motores a combustão: dos 78 milhões de veículos adquiridos em 2024, apenas 22% (quase 17,6 milhões) eram elétricos.

Para outros meios de transporte poluentes, como a aviação – responsável por 2,5% das emissões carbônicas totais –, ainda não existem alternativas dignas de nota. A demanda por voos deve ainda aumentar significativamente até 2030.

4. Como está a proteção dos ecossistemas?

A resposta curta é: não tão bem quanto deveria estar. Apesar das diversas iniciativas de expansão florestal, por todo o mundo, nas últimas décadas – culminando entre 2000 e 2015, quando se plantaram 10 milhões de hectares por ano –, o que está se acelerando é o desmatamento.

A alteração líquida da área florestal nas décadas passadas mostra que os esforços de plantar novas árvores na América do Sul e na África não têm bastado para compensar as abatidas.

O fato chama especialmente a atenção por essas duas regiões ostentarem a maior área de florestas em zonas protegidas – o que leva a questionar até que ponto essa proteção é efica

5. Como evoluiu o investimento nas fontes renováveis de energia?

As energias renováveis estão em trajetória ascendente. Segundo a AIE, nos últimos anos elas atraíram mais investimentos do que os combustíveis fósseis ou a energia nuclear. Se em 2015 mais de metade de todos os investimentos foram em combustíveis fósseis, em 2025 estima-se que esse valor tenha caído para pouco mais de um terço.

You may also like

Comissão do Senado aprova  nova faixa de isenção do IR

Projeto amplia isenção para rendas até R$ 5