Leandro Machado
- Da BBC News Brasil em São Paulo

CRÉDITO,DIVULGAÇÃO
Legenda da foto,
O pesquisador analisou o material orgânico de 13 lagos da Amazônia
Os lagos da Amazônia são tão importantes para o meio ambiente que foram classificados como “guerreiros” na luta contra o aquecimento global e as mudanças climáticas.
Já a degradação de boa parte deles, principalmente por causa do desmatamento desenfreado da floresta, pode ter grande impacto no planeta.
Essas são duas das conclusões de um estudo produzido pelo geógrafo brasileiro Leonardo Amora-Nogueira, doutor pela Universidade Federal Fluminense (UFF), e publicado pela revista científica Nature em julho.
Nos últimos anos, o pesquisador percorreu cerca de 1.200 km de floresta para analisar as condições de 13 lagos nos Estados do Pará, Rondônia e Amazonas.
Descobriu que essas águas, mesmo em áreas de relativamente pequeno porte, são capazes de armazenar e absorver grandes quantidades de carbono, um dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa que causa o aquecimento global.
Matérias recomendadas

Dia Mundial do Café: 13 fatos que talvez você desconheça sobre essa bebida
A solução suíça para irrigar terras semiáridas que desafia a gravidade
Como a BBC localizou 4 superiates de milionários russos que ‘desapareceram’ para escapar de sanções
Covid: como fazer autoteste e diminuir o risco de resultado falso negativo
Fim do Matérias recomendadas
“Os lagos da Amazônia armazenam muito mais carbono do que a média de lagos de outros biomas, como as florestas temperadas e boreais, e as regiões polares e subpolares”, explica o geógrafo, que realizou o estudo com apoio da Faperj (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro).
As análises mostraram que esses lagos acumulam cerca de 113,5 gramas de carbono por metro quadrado ao ano — taxa entre 3 e 10 vezes maior do que regiões alagadas de outros biomas.
O volume gira em torno de 79 milhões de toneladas de carbono por ano — equivalente a 27% das emissões de carbono na atmosfera, aponta a pesquisa.

CRÉDITO,DIVULGAÇÃO
Legenda da foto,
Os lagos da região amazônica acumulam muito mais carbono que áreas parecidas de outros biomas
Essas áreas alagadas na Amazônia, que compõem 3% de todos os lagos do planeta, estão próximas a grandes rios da região, como o Madeira, o Amazonas e o Negro.
São as águas deles que carregam a matéria que depois será “enterrada” no fundo dos lagos.
Ou seja, o gás carbônico é produzido pela decomposição do material orgânico da floresta: troncos de árvores, plantas mortas e outros tipos de sedimentos.
“Essa matéria produz muito carbono. Sem os lagos, esse gás iria para a atmosfera, aumentando o efeito estufa”, explica Amora-Nogueira, que estuda o tema desde seu trabalho de conclusão de curso na graduação em Geografia.
“Os lagos são fundamentais nesse ciclo de entrada e saída de carbono, pois o material decomposto gera o carbono que, em vez de ir para a atmosfera, fica ‘enterrado’ no fundo da água”, diz.

CRÉDITO,DIVULGAÇÃO
Legenda da foto,
Humberto Marotta, professor de Geociências da UFF, e o geógrafo Leonardo Amora-Nogueira
Tipos de água
A equipe da BBC News Brasil lê para você algumas de suas melhores reportagens
Episódios
Fim do Podcast
Na Amazônia, há três tipos de águas que transportam e guardam matéria orgânica: clara, branca e preta. E a coloração de cada uma depende de sua capacidade de carregar esses sedimentos.
A água clara — dos rios Tapajós e Xingu, por exemplo —



