Comunicado do Copom: Um início gradual do ciclo, com tom mais duro

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Copom eleva a taxa Selic para 10,75%

Comunicado do Copom

O Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (Copom) elevou a taxa Selic em 0,25 p.p. para 10,75%, conforme esperado. Em nossa visão, o comunicado pós-reunião foi mais duro (hawkish, no jargão de mercado), reforçando nosso cenário de que o Comitê optará por acelerar o ritmo de aumento de juros na próxima reunião.

Sobre o cenário econômico, a autoridade apontou que “o ambiente externo permanece desafiador, em função do momento de inflexão do ciclo econômico nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed”. Além disso, o cenário “segue exigindo cautela por parte de países emergentes”. Com relação ao cenário doméstico, “o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado dinamismo maior do que o esperado”, o levando a reavaliar o hiato do produto para um patamar positivo. A medida é um conceito econômico que mostra a diferença entre o nível atual da atividade econômica e seu nível potencial, ou seja, quanto a economia está operando abaixo ou acima de sua capacidade máxima. Quando positivo, indica pressão inflacionária adiante.

Dito isso, o Comitê ressalva que a economia precisa de uma política monetária mais restritiva. Os principais fatores que ele pontua são: “resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas”. Além disso, as projeções de inflação do Comitê não estão apenas acima da meta, mas também “há uma assimetria altista em seu balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação” – ou seja, há riscos de que o cenário econômico evolua de maneira mais adversa do que o antecipado pela autoridade em seu cenário base.

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Nossa visão

O Comitê não deu sinalização clara sobre os próximos passos de política monetária, afirmando que “o ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo ora iniciado serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”. No entanto, a projeção de inflação do Copom oferece uma pista: no cenário de referência, no qual a trajetória para a taxa de juros é extraída da pesquisa Focus, o IPCA permanece acima da meta no horizonte relevante (3,50%). Isso significa que o caminho atualmente projetado pelo mercado para a taxa Selic – 11,50% até janeiro de 2025 e de volta a 10,50% até dezembro de 2025 – não seria suficiente.

Assim, vemos a decisão de hoje como consistente com nosso cenário de que a taxa Selic atingirá 12,00% após um ciclo de aumento de 0,50 – 0,50 – 0,25 p.p. nos juros entre novembro e janeiro, permanecendo nesse nível por período prolongado. Ou seja, acreditamos que o Copom acelerará o ritmo de aumento (de 0,25 p.p. para 0,50 p.p.), visando uma reancoragem mais rápida das expectativas de inflação.

Considerando que a inflação permanece acima da meta e que a atividade econômica está acelerando (em ritmo forte), acreditamos que o risco é de o Copom ultrapassar nossa previsão de taxa Selic a 12,00%, ao invés de interromper o ciclo antes de atingir esse nível.

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