Luiz Alberto Machado escreve: Esclarecendo o que é o G20

Luiz Alberto Machado escreve: Esclarecendo o que é o G20

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Esclarecendo o que é o G20[1]

 

Luiz Alberto Machado[2]

 

O Grupo dos Vinte, conhecido como G20, é um fórum internacional composto por 19 países membros criado em 1999, para, juntamente com a União Europeia (UE) e a União Africana (UA), ser uma plataforma que reunisse as economias mais importantes do mundo para discutir questões políticas, econômicas,   financeiras e sociais em nível global.

 

Sua criação significou a constituição de um fórum mais amplo e inclusivo para a discussão de temas políticos e econômicos internacionais comparativamente ao principal fórum existente até então, que era o Grupo dos Sete (G7). Assim sendo, o G20 representou um aumento do grau de legitimidade da governança global ao incorporar países em desenvolvimento, cuja participação relativa na economia mundial tem crescido substancialmente nas últimas décadas.

 

Examinando o perfil dos países-membros do G20 constata-se significativa heterogeneidade em termos de poderio econômico: os EUA têm o maior PIB nominal com US$ 26,9 trilhões em 2023; seguem-se a China (US$ 17,7 trilhões) e a Alemanha (US$ 4,4 trilhões), de acordo com a Austin Rating; na outra ponta, o país menos rico é a África do Sul, com apenas US$ 400 bilhões.

 

A taxa de crescimento do PIB variou de país para país, refletindo diferentes dinâmicas econômicas e políticas. A maior taxa de crescimento econômico foi da Índia, com 7,3% em 2023. Enquanto, a pior retração econômica ocorreu na Arábia Saudita, com queda de 0,9% no ano de 2023, conforme a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

 

A taxa de inflação também variou bastante, de acordo a Austin Rating. A Argentina liderou o ranking do G20, com uma taxa anual de 211,4% em 2023. Já a menor taxa foi da China, com deflação de -0,3% no ano de 2023.

 

O G20 realiza cúpulas anuais, onde líderes de Governo e de Estado se reúnem para discutir uma ampla gama de questões, incluindo crescimento econômico, comércio internacional, regulação financeira, mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável e outros desafios como a pandemia da covid-19, a fome mundial e a pobreza global.

 

Ao suceder a Índia, o Brasil assumiu a Presidência do G20 pelo ano de 2024, indicando três grandes prioridades: combate ao aquecimento global e promoção do desenvolvimento sustentável; inclusão social e combate à fome e à pobreza; reforma das instituições globais. Por se tratar de um foro com natureza não institucional, o funcionamento permanente do G20 depende substancialmente do país que exerce a presidência rotativa por um ano.

 

Como país que preside o G20 em 2024, o Brasil sediará em novembro a XIX Cúpula de Líderes e sediou, em fevereiro, a reunião de ministros das Relações Exteriores e das Finanças dos países-membros no Rio de Janeiro e em São Paulo.

 

Entretanto, a reunião ministerial não produziu nenhuma declaração final, o que se atribui ao grau de dissenso dos membros sobre diversos temas, sobretudo os relacionados aos conflitos armados na Europa e no Oriente Médio, bem como à tributação das grandes fortunas. Em coletiva de imprensa ao final do evento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que “os conflitos que estão em curso foram responsáveis pelo impasse, impossibilitando, nem que fosse uma nota sucinta sobre um tema, a elaboração de um comunicado final”.

 

Representando 85% do PIB mundial, 65% da população global, 75% do comércio internacional e 79% da emissão de dióxido de carbono (CO2) do planeta, o G20 desempenha um papel crucial na coordenação de políticas econômicas globais e na abordagem de desafios comuns examinados a cada cúpula. Afinal, a cooperação internacional e políticas econômicas prudentes são essenciais para promover um crescimento robusto, inclusivo e sustentável em todo o mundo.

[1] Artigo escrito em paeceria com o economista paraibano Paulo Galvão Jr., do Conselho Regional da Paraíba, e com a economista Katherine Buso, CEO da Blue BI Solution

[2] Economista, graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Mackenzie, mestre em Criatividade e Inovação pela Universidade Fernando Pessoa (Portugal), é sócio-diretor da empresa SAM – Souza Aranha Machado Consultoria e Produções Artísticas e consultor da Fundação Espaço Democrático.

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