Com importação recorde, industriais recorrem ao governo por proteção comercial

Com importação recorde, industriais recorrem ao governo por proteção comercial

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Desde o início da atual gestão, governo recebeu 60 pedidos voltados à proteção comercial — número estava em queda desde 2019

Com importação recorde, industriais recorrem ao governo por proteção comercial Com importação recorde, industriais recorrem ao governo por proteção comercialGetty Images

Danilo Moliternoda CNN

 

24/02/2024

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Em meio a aumento em índices de importação na indústria, a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) recebeu mais de 60 pedidos para investigações relativas à defesa comercial desde o início do governo Lula.

O número vinha em queda desde 2019 e agora voltou a subir.

No ano passado, foram registradas 42 petições ao Departamento de Defesa Comercial (Decom), que se somam a outros 18 recebidas só em janeiro deste ano.

As petições pedem o exame de práticas desleais de comércio exterior, como dumping, subsídios e outros artifícios que podem prejudicar a produção doméstica.

O aumento registrado acontece no mesmo momento em que as importações ganham força no mercado industrial.

O Coeficiente de Importação (CI) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) atingiu no ano passado seu pico, em relação à série histórica iniciada em 2004.

O índice mostrou que, em 2023, 23,4% dos produtos consumidos internamente têm origem no exterior.

Os dados da Decom foram cedidos pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) à CNN.

Parte dos pedidos está sob análise do departamento e permanece sigilosa. Outra parcela, porém, pode ser consultada.

Somente para produtos chineses, o Decom examina ao menos quatro casos de dumping — prática que consiste em comercializar produtos abaixo do custo de produção para eliminar concorrência.

Há investigação, por exemplo, de dumping em anidro ftálico, usado em estabilizantes para PVC e plastificantes.

A China também aparece em investigação de dumping em chaves de latão, ao lado de Colômbia e Peru, em sobre luvas para procedimentos não cirúrgicos, junto a Malásia e Tailândia.

O país asiático também está ao lado dos Estados Unidos em investigação de dumping em poliol poliéter, utilizado em espumas flexíveis de acolchoamento, como móveis e roupas de cama.

Os americanos também são investigados por dumping em resina de polipropileno, uma resina de baixa densidade.

A Decom e a defesa comercial

Constanza Negri, gerente de Comércio e Integração Internacional da Confederação Nacional da Indústria (CNI), considera natural que, com aumento de importações de alguns setores, a perda de participação de mercado da indústria nacional e o possível aumento de práticas desleais em terceiros países haja mais pedidos de defesa comercial.

“Isso é também um reflexo da confiança que a indústria tem no bom funcionamento atual desse instrumento de política. São ferramentas legítimas e que, quando bem utilizadas, podem ser muito eficazes para o setor privado e para economia como um todo”, afirmou

Sobre o trabalho da Decom, Cristina Helena de Mello, professora de economia da ESPM, explica que seu objetivo é exatamente manter o mercado nacional produtivo e competitivo.

“Temos um cenário complicado para as indústrias, que se soma a um ambiente internacional de forte competição, que por vezes tem práticas desonestas. Este monitoramento visa evitar esse tipo de prática questionável”, aponta.

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