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Nik Martin A próxima ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, afirmou que é necessário colocar limites a países autoritários como a China. Uma das formas de fazer isso, segundo ela, seria restringir, na União Europeia, a importação de produtos chineses, o que seria um “grande problema” para Pequim. A proposta de Baerbock, que também é co-líder do Partido Verde da Alemanha, foi feita em entrevista ao jornal Die Tageszeitung (TAZ), e provocou uma resposta da embaixada da China em Berlim na sexta-feira (3/12) Os comentários de Baerbock indicam uma mudança de política no próximo governo alemão, liderado pelo futuro chanceler federal Olaf Scholz, que deverá tomar posse na próxima quarta-feira. O que disse Baerbock?A futura ministra das Relações Exteriores defendeu que as críticas da Alemanha sobre a China deveriam ser abordadas claramente. “O silêncio eloquente não é uma forma de diplomacia no longo prazo, mesmo que tenha sido considerado como tal por alguns nos últimos anos”, disse ela ao TAZ, em uma aparente referência ao governo prestes a deixar o poder, comandado pela chanceler federal Angela Merkel. “Para mim, uma política externa baseada em valores é sempre uma interação entre diálogo e dureza.” A futura ministra das Relações Exteriores disse que, apesar de o diálogo ser um componente central da política internacional, “isso não significa que você tenha que encobrir as coisas ou ficar quieto”. Memórias de um cárcere na China03:42Seu comentário é uma referência às diversas acusações de violações de direitos humanos pela China, incluindo a detenção de cerca de um milhão de muçulmanos uigures em “campos de reeducação” na província de Xinjiang. Baerbock sugeriu que uma das ferramentas para pressionar Pequim poderia ser restringir a importação de produtos chineses pela União Europeia, dizendo que isso seria “um grande problema para um país exportador como a China”. “Nós europeus deveríamos usar muito mais esse poder do mercado interno comum [da UE]”, disse ela ao TAZ. Baerbock também afirmou ser imperativo que países do mundo inteiro “unam forças” para combater a mudança climática, acrescentando que a crise “só poderá ser superada globalmente e de forma cooperativa”. Qual foi a resposta da China?Em um comunicado publicado na sexta-feira, a embaixada chinesa em Pequim pediu a “alguns políticos alemães” que “olhem para a China e para as relações sino-alemãs de forma objetiva e holística” e “dediquem sua energia mais à promoção da cooperação prática entre os dois lados”. Sobre as relações entre os países, a embaixada disse que “nossas diferenças e divergências hoje não são de forma alguma maiores do que eram há 50 anos”. “Comparadas a essa época, nossas áreas de cooperação e interesses comuns são agora significativamente maiores.” O comunicado também pediu “construtores de pontes ao invés de construtores de muros”, e disse que a China estava “pronta para se reunir com o novo governo federal alemão, para desenvolver nossos interesses comuns com base no respeito mútuo, igualdade e benefício mútuo, com o objetivo de colocar as relações (…) em um caminho bom e estável”. “Nossas relações ao longo do último meio século mostraram que é perfeitamente possível superar diferenças ideológicas entre países, evitar jogos de soma zero e alcançar situações de ganho mútuo para benefício mútuo”, afirmou a embaixada. ![]() Qual é o estado atual das relações teuto-chinesas?A administração Merkel foi muitas vezes criticada por priorizar os fortes laços comerciais da Alemanha com a China, enquanto fazia vista grossa às questões de direitos humanos na potência asiática. A estratégia ajudou a China a se tornar o maior parceiro comercial da Alemanha. Merkel também foi a força motriz por trás do acordo de investimento entre a UE e a China assinado no ano passado, que está atualmente suspenso devido às tensões entre Bruxelas e Pequim. Merkel alertou contra dissociar Europa da ChinaDiante da crescente rivalidade econômica e militar, os Estados Unidos, sob o comando do ex-presidente Donald Trump, lançaram uma guerra comercial com a China. No entanto, a Alemanha não se envolveu. A comunidade empresarial alemã tem desejado há décadas que a China siga se abrindo às empresas internacionais. Contudo, as políticas adotadas pelo presidente Xi Jinping parecem estar movendo o país na direção oposta. A repressão de protestos pró-democracia em Hong Kong, os “campos de reeducação” em Xinjiang e as ameaças militares de Pequim contra Taiwan desencadearam conversas sobre adotar uma resposta mais incisiva ao crescente autoritarismo da China.
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Pesquisa Nacional de Preços da Cesta Básica de Alimentos – dados de outubro/25
O DIEESE e a Conab divulgam hoje, 10/11,





