Quatro minutos para entender sobre EUA x China

Quatro minutos para entender sobre EUA x China

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Se já é tarefa complicada acompanhar o frenético noticiário brasileiro, imagine entender os desdobramentos das principais disputas internacionais. O investidor brasileiro sabe bem do que estou falando…

Desde que as discussões comerciais entre Estados Unidos e China se intensificaram, tem sido praticamente impossível ficar alheio ao que se passa do outro lado do mundo, que tanto tem interferido em nosso mercado e tem potencial significativo para pesar sobre o nosso dia a dia, caso o desfecho seja pior do que o imaginado.

O que começou como um conflito comercial entre as maiores potências globais está se estendendo agora para uma guerra cambial, que tende a respingar nas moedas de mercados emergentes, como o Brasil.

Mas você tem ideia de como essa história iniciou?

O começo de tudo

Recorrendo aos “arquivos do InfoMoney”, a história teve um de seus primeiros grandes eventos há mais de um ano, em março de 2018, quando o presidente americano Donald Trump anunciou sobretaxação de 25% no aço e 10% no alumínio importados pelo país. Apenas os membros do Nafta (México e Canadá) foram poupados.

Na ocasião, Trump disse estar cumprindo uma promessa de campanha, recuperando duas indústrias importantes para o país e os empregos nos setores. Trump afirmou ainda que aplicaria reciprocidade nas taxas de importação a produtos de outros países. “Se a China ou a Índia cobram uma alíquota de 25% nos automóveis, os EUA farão o mesmo”, afirmou.

E a promessa foi cumprida.

Trump entrou na briga direta com a China, quando anunciou um pacote com tarifas de até US$ 60 bilhões contra a economia asiática, além de impor restrições às transferências de tecnologia e aquisições para Pequim.

O governo americano chegou a afirmar que os chineses usavam de intimidação e subterfúgios para adquirir a tecnologia do país, colocando as empresas dos EUA na China em desvantagem por meios de acordos de licenciamento injustos, além de desviarem empregos dos americanos.

Naturalmente a reação ocorreu e, já em abril de 2018, o governo chinês anunciou tarifas sobre 128 produtos americanos, de carne suína congelada e vinho a frutas e nozes, com restrições comerciais equivalentes a US$ 3 bilhões.

Desde então, os líderes dos dois países vêm trocando farpas e ameaçando a imposição de novas tarifas, com algumas delas de fato implementadas, acirrando os temores com relação à dimensão do problema.

Trégua passageira

No fim do ano passado, o mercado chegou a se entusiasmar quando Trump e o presidente da China, Xi Jinping, chegaram a um acordo durante o encontro do G-20 e impuseram uma trégua à guerra fiscal que vinha azedando o humor dos investidores.
Mas a alegria durou pouco…

E o que começou como uma guerra comercial se transformou também em temor de uma disputa cambial.

Em um dos capítulos mais recentes dessa história, Trump elevou o tom do ataque, acusando os chineses de manipulação do câmbio. E após Pequim permitir a desvalorização de sua moeda, o governo americano decidiu classificar oficialmente a China como manipulador de câmbio pela primeira vez em 25 anos.

Como apontou o repórter Rodrigo Tolotti em reportagem publicada nesta quarta-feira, que você pode conferir aqui, nos últimos meses, o presidente americano também voltou suas críticas para o Banco Central Europeu (BCE), fazendo as mesmas acusações e pedindo para o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) agir a ponto de desvalorizar o dólar.

Resta agora acompanhar os próximos passos das principais potências mundiais nessa história para ter a dimensão da extensão da disputa, e o quanto dela irá recair sobre mercados como o brasileiro. Os desfechos ainda parecem ser imprevisíveis, mas já há cenários sendo desenhados. Entre eles, uma possível recessão global, caso a tensão aumente, levando a cortes mais intensos de juros pelo Fed e também no Brasil.

É bom se preparar.

Beatriz Cutait, editora do InfoMoney

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