‘Shutdown’ nos EUA: paralisação da máquina pública afeta o investidor brasileiro?

‘Shutdown’ nos EUA: paralisação da máquina pública afeta o investidor brasileiro?

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Impasse orçamentário no Congresso dos Estados Unidos pode suspender divulgação de dados de emprego e deixar Banco Central americano no ‘escuro’


Por Daniel Rocha

01/10/2025

O impasse orçamentário nos Estados Unidos paralisou as atividades dos órgão não essenciais (Foto: Adobe Stock)
O impasse orçamentário nos Estados Unidos paralisou as atividades dos órgão não essenciais (Foto: Adobe Stock)

Sem um consenso para o orçamento de 2026 no Congresso dos Estados Unidos, o governo de Donald Trump inicia outubro com as suas atividades administrativas paralisadas. Classificado como shutdown, o evento entrou em vigor na madrugada desta quarta-feira (1), deixando milhares de funcionários públicos sem salário até que o problema seja resolvido. Embora seja um problema exclusivo dos EUA, os seus efeitos podem pressionar a curva de juros do Brasil e elevar a inflação do País. Esta possibilidade, segundo especialistas, poderá ocorrer caso o impasse orçamentário dure por várias semanas.

 

 

Na prática, o shutdown resulta na suspensão de trabalhos não essenciais dos órgãos federais, deixando milhares de funcionários públicos sem salário até que o problema seja resolvido, como explica esta reportagem do Estadão. No entanto, a situação tem despertado preocupações dos investidores. Isso porque o impasse orçamentário obrigou o Departamento de Estatística do Trabalho dos EUA, responsável pelos dados do payroll, a comunicar a possibilidade de suspender a divulgação do relatório, previsto para esta sexta-feira (3).

Os números correspondem a principal métrica do país para avaliar o cenário econômico americano, além de ajudar o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) a definir os próximos passos da política monetária.

Para Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, a ausência desta leitura tende a elevar o estresse dos mercados que aguardam sinalizações sobre a condução da política de juros nos EUA

O último shutdown ocorreu entre 2018 e 2019, também no governo do então presidente Donald Trump, que exigia verbas para um muro na fronteira com o México. Após 35 dias do mais longo shutdown da história, ele recuou. Se as paralisações ultrapassarem esse marco, os efeitos passam a se tornar visíveis no Produto Interno Bruto (PIB) americano, com o consumo das famílias sendo impactadas pelo atraso nos salários e com as incertezsas sobre a condução da política monetária no país.

“Isso pode forçar o Fed, que está agora numa postura de corte de juros, a aguardar o retorno da divulgação dos dados para retomar o ciclo de cortes de juros  com um certo nível de tranquilidade”, diz Danilo Coelho, economista e MBA em Finanças pela  Faculdade Brasileira de Negócios e Finanças (FBNF).

 

Neste cenário, os mercados ficam mais voláteis, com os investidores em busca de ativos defensivos, como o dólar. Às 13h (de Brasília), a divisa americana sobe 0,33%, sendo negociado a R$ 5,3356. Caso o fortalecimento da moeda americana persista frente ao real nas próximas semanas, a alta tende a ser repassada para a inflação brasileira e atrasar o ciclo de corte da taxa Selic que permanece na faixa dos 15%.

“A incerteza externa aumenta prêmio de risco e afeta o rendimento dos títulos públicos locais”, explica  Sidney Lima, Analista da Ouro Preto Investimentos.
Fonte : Estadão

 

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