Vendas de veículos crescem 23% no primeiro bimestre

Vendas de veículos crescem 23% no primeiro bimestre

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Vamos fazer uma análise das marcas seguindo o seguinte conceito: “Estou arrebentando”; “Estou indo bem”; “Sinal amarelo”; “Só G-zuis salva!”
Por Raphael Galante

Vista aérea de um excedente de carros alugados no Rental Car Center do Aeroporto Internacional de San Diego em 20 de março de 2020 em San Diego, Califórnia.
(Sean M. Haffey/Getty Images)

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Caros leitores, digníssimas leitoras,

Eis que, enfim, depois daquele clássico recesso entre o Réveillon e o Carnaval, o Brasil voltou a funcionar!

E o setor automotivo vem fazendo seu papel no melhor estilo possível!

O que apuramos no final deste primeiro bimestre?

Que as vendas de veículos novos registram crescimento de quase 23% sobre o primeiro bimestre do ano passado.

Neste ano, estamos com 307,1 mil carros novos vendidos contra 249,9 mil no mesmo período do ano passado.

E o “mais-melhor-de-bom” é que conseguimos notar quem está indo bem e quem irá sofrer!

Neste nosso ensaio, vamos fazer uma análise das marcas seguindo o seguinte conceito: “Estou arrebentando”; “Estou indo bem”; “Sinal amarelo”; “Só G-zuis salva!”

ESTOU ARREBENTANDO

Nesta primeira leva, temos cinco marcas que representam 10% do mercado e que estão com crescimento mais que dobrado sobre o mesmo período do ano passado.

Se elas possuem neste primeiro bimestre 10% de share, no ano passado era de 3%.

 

Neste primeiro momento, temos como grande destaque três marcas chinesas! A campeã absoluta desta primeira análise é a BYD, que saiu de um share de quase 0,2% para quase 3% neste ano, caminhando a passos largos para manter o ritmo. Ok, ela pesou a mão no lançamento do “golfinho”, o carro novo dela? Pesou! Mas ainda tem muito espaço de crescimento. Estão com rede de concessionárias em expansão (só com grupos bons/capitalizados) e ainda nem começaram a produzir localmente.

Assim como a BYD, mas num ritmo um pouco mais lento, a GWM é outra que já abocanhou 1,3% do mercado de veículos.

O grande ponto interessante das duas marcas é que elas estão chegando com ótimos produtos com qualidade de ponta. O diferencial de uma para a outra é a velocidade (planejamento) de crescimento. Mas, independentemente, se uma vai chegar primeiro que a outra – as duas irão chegar! E, hoje, aposto um picolé de limão que daqui a um/dois anos, falaremos que as duas possuem 10% do mercado, e não os 4% atuais.

A terceira marca chinesa (pero no mucho) é a Caoa-Chery! O que percebemos é que a questão genética favoreceu (e muito) o atual dono/presidente da marca, Carlos Alberto de Oliveira Andrade Filho, que parece ter conseguido herdar o “toque de midas” do pai.

A Caoa-Chery está com crescimento de 159% nas vendas, saindo de uma venda de 2,6 mil unidades no primeiro bimestre para 6,8 mil neste ano. O share da marca dobrou, saindo de 1,05% para 2,21%.

 

E tem mais!

Ele teve o desplante/ousadia de derrubar o preço dos carros, como o Tiggo 7, em R$ 35 mil, tornando assim um dos SUVs médio mais TOP e baratos no mercado.

Ou seja, o Carlinhos “tacou fogo no parquinho”. Afinal de contas, uma medida dessas gera um desdobramento terrível no mercado (para as outras marcas).

Saindo das chinesas, as outras duas marcas que reforçam o nosso top 5 de “Estou arrebentando” são as marcas americanas Ram e Ford.

A Ram registra crescimento de 285% nas vendas, enquanto a Ford reportou 98%. As marcas estadunidenses estão com produtos focados no mercado de picapes, seja a eterna Ranger da Ford ou a nova Rampage da Ram.

 

O mercado de picapes é um mercado que está em ascensão – e elas estão surfando na onda!

ESTOU INDO BEM

Nesta segunda leva “ESTOU INDO BEM” de marcas, vamos também fazer o nosso top 5. Quatro delas vêm do leste asiático! Do Japão temos Honda, Mitsubishi e Nissan com crescimento médio de 40% nas vendas, seguidos de perto pela Hyundai e a única fora do leste asiático, a Peugeot.

Em relação às marcas japonesas, o conceito é “praticamente” o mesmo. Elas penaram nos últimos tempos com falta de produto/produção. E as marcas japonesas têm um certo tempo para “resolver os problemas”. Se falta agilidade para resolver os pepinos no curto prazo, sobra planejamento para se perpetuar no longo prazo.

E é isso que está acontecendo agora! Nissan com +43%, Honda +42% e Mitsubishi +31% de crescimento são reflexo de novos produtos que chegaram, como a nova L200 da Mitsubishi.

 

Além disso, desde o ano passado elas já vêm anunciando seus novos planos, como a Nissan em novembro, quando o presidente da marca veio até o Rio para anunciar investimentos de quase R$ 3 bilhões em novos produtos e melhorias da fábrica.

Saindo do Japão e descendo para a Coréia do Sul, temos a Hyundai com crescimento nas vendas de quase 30%. O ponto positivo para o crescimento e evolução futura da marca, foi que Hyundai e CAOA resolveram nesta quinta (29) uma pendência que se arrastava por anos. Agora, os coreanos da Hyundai serão responsáveis por toda produção/distribuição dos produtos Hyundai, além da CAOA “ceder” a operação fabril. Ou seja, é como se eu estivesse aumentando a minha capacidade fabril do dia para a noite, o que será extremamente benéfico para a marca e, consequentemente, para os consumidores.

Saindo do leste asiático e indo para a Europa, temos a Peugeot, com evolução nas vendas de 36%. O ponto central para a marca do leãozinho é que ela no mercado brasileiro foi a que mais cresceu desde a fusão entre PSA e FCA. A entrada dos italianos da FCA na condução administrativa/comercial da operação da Peugeot foi a melhor coisa que aconteceu para marca, que “desburocratizou” todo seu processo!

SINAL AMARELO

No nosso top 5 de marcas que ligaram o sinal amarelo, temos Fiat, VW, Toyota, Renault e Citroen. Essas cinco marcas possuem 52% de share contra quase 54% do ano passado.

Essas marcas não estão indo mal… mas também não estão tão bem assim!

O ponto aqui é que existe uma questão de perspectiva futura das marcas. No caso da Renault, ela tem o seu novo SUV pintando no pedaço. A Citroen acabou de lançar uma nova versão do C3 para 7 lugares, que vai pegar um nicho de mercado altamente carente. E também existe o burburinho da chegada do novo “Yaris Cross” da Toyota.

Ou seja, o segundo semestre deste ano vai ser do tipo: “o império contra-ataca”.

Além disso, como são marcas lá no topo da pirâmide (tirando a Citroen), elas sempre são os alvos!

SÓ G-ZUIS SALVA

Neste ano, foram poucas marcas que registraram queda nas vendas. Com um mercado crescendo 23%, você tem que ser “muito bom” para ir na contramão dele! Tanto que não existe um Top 5 dessas marcas, mas apenas um Top 3: GM, Jeep e Volvo, que possuíam 24% de share no primeiro bimestre do ano passado e viram sua participação despencar para 17% neste ano. Elas (praticamente a GM) perderam 7 pontos percentuais de share.

No caso da Volvo, que apostou desde o início na eletrificação dos seus produtos – independentemente de estarem certos ou errados, o grande ponto aqui é que a marca foi uma das que tomaram aquela pedrada no meio da testa do (des)governo federal, que decidiu aumentar o Imposto de Importação do carro eletrificado em 35%. Por mais que a marca vá trazer o seu novo carro de entrada (tipo um Ecosport, mas com padrão Volvo) 100% elétrico, isso não deverá ser suficiente para rever o seu volume de vendas. Por isso, a marca amarga perda de 25% neste começo de ano.

A Jeep, com um lineup cansado/antigo e com inúmeros problemas nos seus produtos reportados continuamente pelos clientes, é outra que está sofrendo e registrando perda de 5%.

Mas aqui a gente dá um desconto para a marca. O grupo Stellantis está com: Ram +285%; Peugeot + 36%; Fiat +18%; Citroen +11% e Jeep -5%. Assim, na média, o grupo registra crescimento de 17%. E, afinal de contas, não tem como ganhar todas!

A GM, diferentemente dos seus brothers americanos, registra queda de 14% nas vendas. Ela viu o seu share despencar de 17% para 12%.

Qual o problema da marca?

Sabe aquele conceito de “menos é mais”?

No setor automotivo (onde a escala é necessária) isso é uma verdade mais que absoluta. A marca possui 13 produtos no seu portifólio. Ela tem o Hatch Pequeno (Onix); Sedan Pequeno (Onix Sedan); Hatch Médio (Cruze); Sedan médio (Cruze Sedan); Crossover (Spin); SUV (Tracker; Equinox e Trailblazer); Picape pequena (Montana); Picape média (S10); Picape grande (Silverado); Esportivo (Camaro); Elétrico (Bolt).

Em resumo… sou tudo e nada ao mesmo tempo!

Sou pífio no mercado de carro eletrificado; o meu esportivo fica a anos-luz de uma Mercedes, Audi ou qualquer outra marca de luxo; estou lá atrás no mercado de picapes (exemplo: em fevereiro, a GM vendeu 124 Silverados contra mais de 2,1 mil unidades da Rampage da Ram); insisto em atuar no mercado de sedan médio, onde “só” o Toyota Corolla é quase 65% do mercado (GM mal chega a 5%); tem a Spin com transtorno de personalidade (Sou um SUV? Sou uma Minivan? Sou um crossover? O que sou?); mas pelo menos está na disputa do mercado de Hatch e Sedan pequeno (graças às locadoras que – geralmente – compram na bacia das almas).

É… esse ano começou bem animado para o setor!

E aí, o que achou? Dúvidas, me manda um e-mail aqui.

 

Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

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