IBC-Br reforça leitura de perda de tração na atividade no 4° trimestre, dizem analistas

IBC-Br reforça leitura de perda de tração na atividade no 4° trimestre, dizem analistas

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Revisões para baixo no indicador de outubro e novembro comprova tendência, mas projeções para o PIB em 2022 continuam em torno de 3%

Por Roberto de Lira 

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(Getty Images)

A divulgação do IBC-Br pelo Banco Central nesta quinta-feira (16), que apontou para uma queda de 1,42% no trimestre encerrado em dezembro e uma alta de 2,90% no acumulado do ano, reforça as leituras dos analistas de que a atividade perdeu tração no segundo semestre de 2022. Isso foi comprovado pelas revisões para baixo do indicador que BC fez, especialmente de outubro (de -0,28% para -0,43%) e novembro (de -0,55% para -0,77%). Os dados de hoje não mudaram as projeções de PIB dos especialistas para o ano passado, que giram em torno de 3%

Mirella Hirakawa, economista da AZ Quest, comentou que a leitura de desaceleração no final do ano já era esperada, após as divulgações da produção industrial (PIM), das vendas varejistas (PMC) e do volume de serviços (PMS) pelo IBGE. Ela destacou que apenas o indicador de serviços veio com surpresa positiva no mês, mas mesmo isso precisa ser lido com cautela devido à volatilidade de fatores sazonais no setor.

A economista disse que ainda que o “carrego” do IBC-Br de dezembro sofreu pouca alteração nos últimos dois meses, ficando praticamente zerado. Para o ano, a alta de 2,9% da atividade em 2022 mostrada pelo indicador está muito próxima das projeções da AZ Quest para o PIB, de 3%.

“Em linhas gerais, a gente não altera de forma significativa nosso cenário, mas reforça desaceleração na margem e uma perspectiva que vai ter um PIB de 2023 possivelmente mais impulsionado por Agro”, previu.

Carlos Lopes, economista do BV, afirmou que o dado mensal veio até mas abaixo de sua nossa expectativa (índice de 0,29% ante estimativa próxima de 0,80%). Pra ele, foi confirmado o resultado negativo da atividade econômica no terceiro trimestre de forma geral, apesar desse crescimento moderado em dezembro.

“Termina o trimestre com uma queda de 1,5%, o que é compatível com uma queda modesta do PIB. A gente imagina uma queda de -0,2 no quarto trimestre, número que não está sendo revisado após essa divulgação do IBC-Br”, afirmou.

 

Segundo Lopes, a atividade econômica teve seu pior momento do ano no quarto trimestre e, é esperado um primeiro trimestre ainda fraco em 2023, com a atividade acelerando ao longo do ano para encerra com um crescimento próximo de 1%.

O Banco Original comentou em análise que o dado de dezembro reforçou a sinalização positiva deixada pela divulgação da performance do setor de serviços no mês.

“O avanço foi sustentado principalmente pela alta de 3,1% do setor de serviços, que se beneficiou dos eventos da Copa e da Black Friday sobre os subsetores de alojamento e alimentação, transporte de passageiros e atividade turística”, afirmou o banco.

A alta, no entanto, acabou sendo amenizada pela performance da indústria extrativa, que caiu 1,1% na comparação mensal e do varejo restrito.

“Com o resultado de dezembro, o IBC-Br sugere um PIB de 2,9%, em linha com nossa projeção. Estimamos que o quarto trimestre deva contrair em 0,1%, ‘carregado’ pelo desempenho do setor de serviços acima do esperado no final do ano. Olhando para 2023, projetamos um crescimento do PIB de 0,7%”, estimou o Original.

Esperança no agronegócio

A XP Investimentos também observou uma contração significativa no quarto trimestre, mas fez a ressalva em análise que é preferível comparar as variações anuais entre o IBC-Br trimestral e o PIB total.

 

Assim, embora o resultado do indicador tenha despencou 1,5% no quarto trimestre ante o trimestre anterior, a XP destacou que, em relação ao mesmo trimestre de 2021, o indicador subiu 2,0%.

“Calculamos que o PIB do Brasil disparou 3% no ano passado. Por sua vez, o IBC-Br apresentou expansão de 2,9% em 2022. O carry-over estatístico do IBC-Br 2023 é nulo”, comparou a XP.

Para 2023, a XP tem uma estimativa preliminar para o IBC-Br de alta 0,1% em janeiro na comparação mensal e de 4,4% na anual. “Por enquanto, esperamos que o PIB global suba 0,7% no primeiro trimestre, principalmente devido a uma forte expansão na produção agrícola”, comentou a XP, observado que a colheita da soja deve desempenhar um papel importante.

“Por fim, atribuímos um leve viés de alta à nossa projeção atual de que o PIB total crescerá 1% em 2023.”

Já o Goldman Sachs informou que, com o conjunto completo de indicadores antecedentes para o quarto trimestre disponível, revisou sua estimativa para o PIB real em 2022 em dois décimos, para 3,0%.

O banco de investimentos espera que a atividade real permaneça fraca ao longo do primeiro semestre de 2023, vê algum benefício de estímulos fiscais e parafiscais à frente, além de um mercado de trabalho firme, inflação em queda e perspectivas positivas para a produção agrícola.

Via pesar contra, no entanto, a perda do impulso da reabertura económica, as condições monetárias e financeiras domésticas apertadas, os elevados níveis de endividamento das famílias, os baixos níveis de ociosidade económica, a moderação da criação de emprego, a deterioração da confiança dos consumidores e das empresas na primeira metade do ano.

Efeitos dos juros

A Terra Investments também fez a leitura que ficou claro na divulgação de hoje que os fracos desempenhos da indústria e do varejo ampliado foram compensados pelo crescimento ainda robusto do setor de serviços.

“Feitas estas considerações, e apesar de superar as projeções do mercado, o IBC-Br atesta a desaceleração da atividade econômica experimentada no 4° trimestre, quando estão em vigor o efeito defasado do aperto monetário e a saturação da melhora do mercado de trabalho”, comentou.

Para o BTG Pactual, as revisões na série histórica destacaram uma desaceleração mais intensa no segundo semestre do que o apurado anteriormente.

“Setorialmente, observamos um mês com leitura bastante heterogênea entre os setores. Enquanto o Varejo registrou forte surpresa baixista, com queda disseminada entre os setores, impactado pelo encarecimento do crédito e aumento da inadimplência, a Indústria registrou mais um mês de estabilidade, fechando o último trimestre do ano com recuo marginal (-0,5%), mas fechando o ano com queda em todas as categorias pesquisadas”, disse o banco em análise.

A leitura robusta de serviços no mês, levou o banco a  revisar sua expectativa de PIB para o quarto trimestre (de uma queda de -0,3% ante o terceiro trimestre para estabilidade). Mas os dados mais brandos para a atividade econômica nos últimos meses de 2022 transmitem para 2023 um sentimento de um crescimento mais fraco, disse o BTG.

 

“O principal detrator para o crescimento deve ser o patamar contracionista da taxa Selic, com a taxa de juros real próxima de 8,0%, o que já vem freando a confiança dos empresários nos últimos meses”, comentou.

Na ponta positiva, o BTG ressaltou o reajuste real do salário-mínimo e o aumento da massa salarial real das famílias como vetor para o consumo das famílias e maior aquisição de bens essenciais – como alimentos e farmacêuticos – e alguns componentes do setor de serviços.

“O possível anúncio de novos programas para incentivar o consumo da população de baixa renda (Desenrola Brasil) pode beneficiar a demanda no curto prazo. Adicionalmente, esperamos que as safras recorde de soja e milho contribuam com aproximadamente +0,5% do PIB de 2023.”

Fonte : Infomoney

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