Esse país tem um trunfo para se transformar no Vale do Silício da América do Sul — e o Brasil que se cuide

Esse país tem um trunfo para se transformar no Vale do Silício da América do Sul — e o Brasil que se cuide

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Um novo polo de tecnologia começa a surgir na América do Sul, impulsionado por energia limpa e uma aposta ambiciosa em inovação.

Isabelle Miranda
Isabelle Miranda
14 de outubro de 2025

Usina Hidrelétrica de Yacyretá
Esse país tem um trunfo para se transformar no Vale do Silício da América do Sul — e o Brasil que se cuide –
WhatsappTwitterLinkedinFacebookTelegramParaguai pode parecer um improvável protagonista na corrida global por tecnologia, mas o país vizinho começa a atrair atenção de investidores e gigantes do setor. O motivo? Um recurso que o mundo inteiro quer — e que o Brasil ainda não consegue oferecer na mesma escala: energia limpa, barata e abundante.

No comando dessa virada está Gabriela Cibils, uma engenheira paraguaia formada em computação e neurociência pela Universidade da Califórnia, em Berkeley. Depois de quase uma década no Vale do Silício, trabalhando em startups americanas, ela decidiu voltar ao país natal para ajudar a construir um ecossistema de inovação do zero.

Hoje, Cibils é sócia da Cibersons, empresa de tecnologia e investimentos com sede em Assunção, e uma das vozes mais ativas do movimento que quer transformar o Paraguai em um hub tecnológico regional.

“Depois de ver de perto o impacto da tecnologia no Vale do Silício, senti que era minha responsabilidade trazer essa mentalidade para casa”, disse ela.

Energia limpa e barata: o trunfo paraguaio

Se boa parte dos países sonha com um setor de tecnologia competitivo, o Paraguai tem algo que o coloca à frente: praticamente 100% da sua energia vem de fontes hidrelétricas.

O coração dessa vantagem está em Itaipu, uma das maiores usinas hidrelétricas do planeta, localizada na fronteira com o Brasil. O complexo gera cerca de 90% da eletricidade consumida no Paraguai e 10% da brasileira, o que fez do Paraguai um dos maiores exportadores de eletricidade renovável do mundo.

 

O excedente energético faz com que os custos de eletricidade no Paraguai sejam os mais baixos da América do Sul, um atrativo e tanto para empresas que operam data centers e estruturas de inteligência artificial, setores intensivos em consumo de energia.

“Para quem quer instalar um data center de IA, a energia hidrelétrica do Paraguai é um diferencial competitivo — ela é renovável, estável e constante, ao contrário da solar ou eólica”, diz o desenvolvedor de software Sebastián Ortiz-Chamorro.

Governo quer atrair gigantes da tecnologia

O presidente Santiago Peña tem buscado grandes empresas de tecnologia nos EUA, como o Google e outras big techs, para discutir investimentos.

Segundo o ministro da Tecnologia e Comunicação, Gustavo Villate, o Paraguai combina uma série de vantagens raras: população jovem (idade média de 27 anos), energia limpa, impostos baixos e estabilidade econômica.

O governo desenvolve um Parque Digital próximo ao aeroporto de Assunção e reportagens citam investimento inicial de cerca de US$ 20 milhões. O espaço deve abrigar empresas privadas, uma universidade de tecnologia em parceria com Taiwan e infraestrutura voltada a startups.

“O que queremos é um ecossistema integrado entre governo, empresas e universidades”, afirma Villate. “Esse é o ponto-chave para atrair investidores estrangeiros.”

A formação de mão de obra é outro pilar da estratégia. Segundo Vanessa Cañete, presidente da Câmara Paraguaia da Indústria de Software, o país está investindo fortemente na capacitação de engenheiros, programadores e desenvolvedores.

Cañete também é fundadora da ONG Girls Code, que oferece oficinas de programação e robótica para meninas e jovens mulheres. Desde 2017, mais de 1.000 alunas já passaram pelos programas de treinamento.

Apesar do entusiasmo, o caminho não é livre de desafios. Cibils reconhece que o país ainda enfrenta burocracia e lentidão contratual, o que pode desestimular investidores acostumados a ambientes mais ágeis.

Mas ela também enxerga um horizonte promissor. “Se colocarmos a inovação no centro e aproveitarmos os benefícios que já temos, o Paraguai pode se tornar uma superpotência tecnológica.”

 

Isabelle MirandaIsabelle Miranda

Jornalista com especialização em Gestão de Mídias Digitais. Atua como repórter nos portais de notícias Money Times e Seu Dinheiro.

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