A queda do BTC reflete o temor dos investidores com os efeitos das medidas protecionistas do presidente americano
Por Daniel Rocha

Os investidores de criptomoeda
A queda reflete o estresse dos mercados em torno das tarifas de importação anunciadas pelos Estados Unidos na última semana. Isso porque as medidas protecionistas alimentaram uma guerra comercial entre os países atingidos pelas novas taxas de importação. Na sexta-feira (4), a China anunciou taxas de 34% sobre todos os bens importados vindos dos EUA em resposta às alíquotas de 34% para importações chinesas, que se somam às tarifas anteriores de 20% que já estão em vigor. Separadamente, o Ministério do Comércio da China disse que adicionou 11 empresas americanas à sua lista de “entidades não confiáveis”, impedindo-as de fazer negócios na China ou com empresas chinesas.
“Os investidores temem que a União Europeia possa seguir o mesmo caminho. Isso coloca o tarifaço de Trump em uma bola de neve que tende a crescer de forma rápida e intensa, espalhando o medo em todos os mercados”, diz Beto Fernandes, analista da Foxbit. Vale destacar que, desde fevereiro, quando as primeiras medidas protecionistas do republicano foram anunciadas, a aversão ao risco dos investidores permanece entre os investidores, impactando o desempenho das criptomoedas.
Como mostramos aqui, o bitcoin apresentou uma perda de quase 12% entre os meses de janeiro e março, sendo o seu pior desempenho dos últimos seis anos para o período. O receio do mercado é que as medidas protecionistas empurrem a economia americana para uma recessão ou para uma estagflação, quando há a combinação rara de alta dos preços junto com uma queda da atividade econômica, fenômeno bastante temido pelos economistas.
“O mercado já parece estar atento a isso. Tanto que houve um aumento significativo das apostas para um corte de juros emergencial nos Estados Unidos para a reunião do mês que vem. Mesmo que isso possa potencializar a inflação, a redução dos juros pode favorecer uma certa dose de investimento, evitando uma recessão”, acrescenta Fernandes.
Fonte : Estadão