Luiz Alberto Machado escreve: Poder e progresso

Luiz Alberto Machado escreve: Poder e progresso

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Luiz Alberto Machado[1]

 

Poder e progresso é o título do mais recente livro de Daron Acemoglu, em parceria com Simon Johnson, que dividiu o Prêmio Nobel de Economia deste ano com ele e também com James Robinson, que foi co-autor nos outros livros de Acemoglu, Por que as nações fracassam e O corredor estreito.

 

Em Por que as nações fracassam, os autores enfatizam a importância das instituições para o desenvolvimento, dividindo-as em instituições inclusivas e extrativistas. Em O corredor estreito, a ênfase recai sobre a existência ou não da liberdade, a partir das diversas formas de relação entre Estado e sociedade.

 

Em Poder e progresso, que tem por subtítulo “uma luta de mil anos entre a tecnologia e a prosperidade”, os autores focalizam um tema que está sempre na ordem do dia e que ganhou destaque com a emergência da tecnologia da informação e, sobretudo, da inteligência artificial.

 

A rigor, o pano de fundo para as análises recai sobre o impacto das chamadas revoluções tecnológicas sobre a oferta de trabalho e, por extensão, o padrão de vida da sociedade.

 

Na primeira, conhecida como revolução industrial, que teve origem na Inglaterra no século XVIII, houve a substituição da energia animal ou hidráulica pela energia a vapor e o surgimento de diversos processos mecânicos, muitos dos quais provenientes de pessoas que não atuavam em pesquisas ou atividades acadêmicas. Foram os casos de Abraham Darby, criador do ferro-gusa em altos-fornos alimentados a coque em 1709, Thomas Newcomen (fundidor e forjador), criador do motor a vapor em 1712, Richard Arkwright (barbeiro), criador da máquina de fiar em 1769, e James Watt (marceneiro), que aperfeiçoou o motor a vapor em 1776. Esses pioneiros, como quase todos que moldaram a tecnologia pelo menos até 1850, eram homens práticos sem grande instrução formal, que começaram de baixo e ascenderam com o tempo, à medida que investidores e clientes passavam a apreciar o que tinham a oferecer. A introdução de suas criações nas diferentes indústrias provocou enorme receio nos trabalhadores, que temiam o desaparecimento dos empregos. Houve até o movimento dos luditas na Inglaterra, que invadiam fábricas e destruíam máquinas. O tempo mostrou, porém, que o desaparecimento de algumas ocupações foi amplamente compensada pelo surgimento de novas oportunidades que tornaram o padrão médio de vida muito superior.

 

O mesmo, de certa forma, ocorreu na segunda revolução tecnológica, simbolizada pela introdução do petróleo e da eletricidade como fontes de energia, e na terceira, caracterizada pelo surgimento dos computadores. Passado o susto inicial, verificou-se sensível melhora do nível de vida.

 

A dúvida levantada pelos autores de Poder e progresso é se o mesmo ocorrerá agora ou se o impacto decorrente do surgimento e da aplicação da inteligência artificial e de suas ramificações será diferente, trazendo terríveis consequências na oferta de trabalho e em sua remuneração.

 

É aguardar para ver.

 

[1] Economista, graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Mackenzie, mestre em Criatividade e Inovação pela Universidade Fernando Pessoa (Portugal), é sócio-diretor da empresa SAM – Souza Aranha Machado Consultoria e Produções Artísticas e consultor da Fundação Espaço Democrático. Foi presidente do Corecon-SP e vice-presidente do Cofecon.

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