30 anos do Real: A moeda que transformou a economia brasileira

30 anos do Real: A moeda que transformou a economia brasileira

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Heverton Peixoto
Por Heverton Peixoto
06 jul 2024,

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Liderado pelo então Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, a implementação do Plano Real tinha o objetivo de estabelecer uma moeda estável. (Imagem: joaogbjunior/Pixabay)

As crises econômicas das décadas de 1980 e 1990 no Brasil são lembradas por algo em comum: cenários econômicos marcados por índices altíssimos de inflação que atingiam valores exorbitantes, fazendo com que o país sofresse com endividamento externo e outros efeitos aumentaram drasticamente o custo de vida da população.

Essa hiperinflação minava a confiança dos consumidores e empresários, desestimulando investimentos e comprometendo o planejamento econômico a longo prazo.

Liderada pelo então Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, a implementação do Plano Real tinha o objetivo de estabelecer uma moeda estável. A data era 01 de julho de 1994 e o Brasil adotava o Real como sua nova moeda. Nascia um marco histórico na economia do país, que até hoje impacta a vida dos brasileiros.

A estabilidade que o Real proporcionou trouxe também previsibilidade para a economia brasileira. Com isso, empresas passaram a planejar investimentos com segurança e os consumidores ganharam confiança para efetuar compras sem o medo de ter os seus salários e poupança corroídos pela inflação.

Esse ambiente foi crucial para atrair investimentos estrangeiros e estimular o crescimento econômico sustentável ao longo das décadas seguintes.

O Real também desempenhou um papel importante na inclusão econômica e social no Brasil. As mudanças foram visíveis. Durante a hiperinflação, estocar alimentos era um padrão de consumo comum. Era normal ver geladeiras e freezers nos lares brasileiros, com pessoas estocando alimentos por medo dos preços futuros.

Além disso, durante essas três décadas desde sua introdução, muitos brasileiros, especialmente nas camadas mais pobres da sociedade, puderam participar mais ativamente da economia formal. Isso se deve em parte à redução da inflação, que protegeu o poder de compra, e à maior estabilidade econômica, que permitiu o crescimento de programas sociais e de inclusão financeira.

O acesso ao crédito abriu portas para que empreendedores pudessem realizar o sonho de ter sua própria empresa, a população conseguiu comprar imóveis e veículos. Os brasileiros viram suas condições de vida melhorarem significativamente. A estabilidade da moeda também contribuiu para a formalização do mercado de trabalho, incentivando a criação de empregos formais e o crescimento de benefícios sociais para os trabalhadores.

E a moeda tem o potencial de continuar contribuindo para a redução da desigualdade econômica, mas isso pode ser alcançado através de políticas públicas que promovam um ambiente econômico favorável, incluindo educação financeira, acesso à infraestrutura básica e suporte a pequenas empresas.

Mas, sabemos que nem tudo é um “mar de rosas”. Apesar de todos os benefícios, o nosso país ainda enfrenta desafios econômicos persistentes, como a desigualdade social e a necessidade de ajustes na carga tributária elevada e na infraestrutura.

Outro ponto importante é que a moeda enfrentou – e muitas vezes ainda enfrenta – períodos de desvalorização em momentos de instabilidade política e econômica, exigindo políticas monetárias e fiscais responsáveis para manter sua estabilidade.

A capacidade do país de enfrentar esses desafios e promover um crescimento econômico inclusivo dependerá, em grande parte, da habilidade de manter políticas macroeconômicas sólidas e promover reformas estruturais necessárias.

Antes do dia 1º de julho de 1994, e até hoje, a iniciativa privada segue dando a sua contribuição para a melhoria do cenário macroeconômico – seja gerando emprego, seja criando soluções para viabilizar o crédito. E este, vale destacar, é uma das mais importantes molas propulsoras da economia e do desenvolvimento de nosso país. Que venham os próximos 30 anos!

 

Heverton Peixoto
Por Heverton Peixoto
CEO da Omni
CEO da Omni. Graduado em Engenharia Civil com MBA em Corporate Finance no Insead, França. Possui experiência relevante de mais de 15 anos em diferentes indústrias e segmentos, tendo atuado por quatro anos como Diretor Executivo da Wiz Corporate e um ano como Diretor de Transformação Digital da Wiz. Foi também consultor da Mckinsey & Company de 2008 a 2013, participando ativamente de projetos estratégicos no mercado bancário e de seguros da América Latina. Heverton Peixoto iniciou sua carreira na Rede Esho/Grupo Amil, com relevante experiência na indústria de seguros e saúde suplementar.
heverton.peixoto@moneytimes.com.br

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