Economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, não descarta uma possível recessão nos Estados Unidos; saiba mais sobre a influência do país para o Brasil

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Além disso, o processo de dependência excessiva de China e Ásia para o fornecimento de bens, com os custos menores e escalas de produção maiores, gera uma pressão inflacionária.

Também, a participação do Governo gastando mais do que gastava antes da pandemia, com uma resposta fiscal muito forte na hora da crise, é um outro fator. Essa nova realidade basicamente aumentou a nossa ignorância sobre o funcionamento da economia.

Money Times: A recessão é um temor que ficou no passado?

Danilo Igliori: Não dá para descartar completamente a hipótese de uma recessão nos Estados Unidos. A inflação já reduziu bastante, mas nossa maior preocupação atualmente é a volta da inflação, não o início de uma recessão.

Money Times: Durante a última ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), alguns participantes se mostraram preocupados com uma demora nos cortes nas taxas de juros. É possível que o Fed “erre a mão” na hora de realizar os cortes?

Danilo Igliori: Esse é um temor que vem se enfraquecendo ao longo das atas, no começo do segundo semestre do ano passado ele estava mais presente. Eles passaram um semestre inteiro observando a política monetária restritiva, com o mercado de trabalho surpreendendo o tempo todo e a inflação vindo para baixo, mas o tom é diferente.

No primeiro semestre do ano passado teve uma estremecida nos bancos regionais, o que foi superado, e por conta dessa crise o tema ficou presente nas atas de dezembro e janeiro. Além de tirar o setor bancário da última ata, eles retiraram a possibilidade de subir as taxas de juros.

Até dezembro eles deixavam em aberto a possibilidade, mas agora a questão é quando vamos começar a afrouxar, reconhecendo a melhora no contexto do segundo semestre.

Eles falam, não com essas palavras, mas basicamente que estamos na última milha. Agora a questão é saber como será essa última milha: uma estradinha “tapetinho” ou uma estrada cheia de buracos.

Money Times: Por que olhar para a economia dos Estados Unidos?

Danilo Igliori: Os Estados Unidos sempre foram importantes para a economia brasileira por ser um grande balizador do que acontece em qualquer lugar fora desse país. É uma grande economia, então quem busca menor risco vai para lá, e é muito importante para a Bolsa.

Quando há um aumento de juros básicos nos Estados Unidos, o impacto é geral, não apenas localizado dentro do país. A partir do momento em que os juros caem lá fora, é muito bom para o Brasil também.

Se você olhasse até novembro, a Bolsa no Brasil estava perdendo de lavada do CDI, de repente, só a expectativa de que ia começar a cair os juros em março gerou a subida de mais de 20% na Bolsa. Foi o melhor investimento de todos em 2023 por conta de uma expectativa de queda de juros.

Agora, olhando para a realidade interna, acho que 2023 tem uma história muito clara de recuperação de credibilidade do governo e entramos em 2024 com um esforço muito grande do Ministério da Fazenda de não perder o bom relacionamento com o Congresso.

Existe uma visão construtiva em relação à economia brasileira, para usar um termo que o mercado gosta, porque os juros dos Estados Unidos vão começar a cair na metade do ano em algum momento. A partir da troca do presidente do Banco Central no final desse ano, é um momento de pressões para a próxima eleição.

 

Giovanna Castro
Por Giovanna Castro
Estagiária
Jornalista em formação pela Universidade de São Paulo (ECA-USP). Apaixonada pela escrita e pelo audiovisual, ingressou no Money Times em 2023.
giovanna.pereira@moneytimes.com.br

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