MINAS PRECISAM SER MONITORADAS DIARIAMENTE PELOS PRÓXIMOS 15 ANOS

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Geólogos, Defesa Civil e ANM não descartam novos desmoronamentos e admitem negligência na fiscalização

Por arnaldo ferreira | Edição do dia

 

| Defesa Civil Municipal

As 35 minas da Braskem em Maceió terão de ser monitoradas 24 horas por dia pelos próximos 15 anos. Essas são algumas das conclusões das coordenadorias de Defesa Civil nacional, estadual e municipal e da Agência Nacional de Mineração, que admite “falhas” na fiscalização em 31 das 35 cavidades. Os poços ficam a mais de um quilômetro de profundidade e a situação em alguns deles ainda é cercada de dúvidas.

As coordenadorias, geólogos e pesquisadores, com base no mapa atualizado das áreas afetadas pela mineração [Pinheiro, Mutange, Bom Parto e Bebedouro], apontam que algumas das 19 minas localizadas nas margens ou dentro da Lagoa Mundaú podem desmoronar, como ocorreu com a de número 18, no último dia 10.

Nove delas estão nas imediações da linha do trem e manguezais entre Bebedouro e Bom Parto, e sete poços estão na parte alta, nas imediações do Pinheiro e Bebedouro.

Desses, apenas quatro tiveram suas cavidades preenchidas com material sólido (areia). Dois faltavam ser preenchidos, incluindo o 18, que registrou o rompimento parcial do teto no dia 10.

Ainda não se sabe a dimensão do preenchimento da mina 18 nem o grau de desmoronamento. A informação foi repassada pelo coordenador do Centro de Monitoramento da Defesa Civil de Maceió, meteorologista Hugo Carvalho.

“Os geólogos estão analisando os dados repassados pelo sonar e outros equipamento que monitoram as minas para entender o volume de desmoronamento, do preenchimento com água da Lagoa Mundaú e avaliar se será preciso continuar o preenchimento da 18 com material solido”, explicou Carvalho.

Os quatro poços que não oferecem mais risco estão com até 98% de material sólido dentro das cavidades. “Não é possível preenchê-las 100%. O preenchimento possível é considerado como seguro”, afirma o coordenador.

O professor Abel Galindo, mestre em Geologia e pesquisador, ao avaliar a situação, é taxativo: “A mina 18 morreu. Já era! Está completamente soterrada”. Para ele, o desmoronamento do teto não abalou as que ficam próximas. “O desmoronamento foi lento até chegar à superfície da lagoa e concluiu o soterramento sem provocar impactos nas outras minas”.

Galindo explicou que há muitas camadas acima do teto das cavernas até chegar à superfície, ressaltando que a área onde elas estão localizadas têm de ser monitorada diariamente, por 15 anos. “Nos próximos quatro anos podem ocorrer problemas semelhantes ao que aconteceu agora.

PRUDÊNCIA

A Defesa Civil Estadual trabalha com prudência e mantém um plano para garantir a segurança da população próxima da área afetada pela mineração. A coordenadoria do município confirmou que as outras cavernas são monitoradas por equipamentos.

Um desses instrumentos é o piezômetro, que mede a pressão e a temperaturas das minas. Além do DGPS, que mede o deslocamento vertical e horizontal na área das cavidades; sonares e outros aparelhos que monitoram o solo.

Os registros de pressão nas cavidades confirmam que elas estão estáveis. Segundo o órgão, nas sete minas localizadas na parte alta [entre o Pinheiro e Bebedouro] não há risco de colapso. As demais estão em processo de preparação para preenchimento com material sólido. Por causa do risco gerado na mina 18, todo o serviço de preenchimento, por enquanto, permanece paralisado.

Segundo Abelardo Nobre, coordenador da Defesa Civil de Maceió, as localizadas dentro da lagoa ou nas margens oferecem risco maior e restrito de impacto ambiental negativo para a Lagoa Mundaú, caso venham a colapsar.

Com relação à situação de quatro minas que não estavam sendo encontradas pelos geólogos, ele explicou que elas sofreram autopreenchimento e devem causar ainda subsidência (rebaixamento) na superfície, mas não há perigo de colapso.

A ANM é que define quais os poços que devem ser preenchidos com material sólido, pressurização e/ou o tamponamento para a desativação de extração de sal-gema.

Durante audiência pública realizada na Câmara dos Deputados na última terça-feira (12), o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) revelou que, entre 2004 e 2013, houve subsidência progressiva naquela área: entre 2004 e 2006, afundamento de 100 milímetros; de 2006 a 2010, mais 100 milímetros; e, em 2013, cerca de 400 milímetros, demonstrando que a atividade mineradora acelerou o problema.

LAUDO

O Instituto Estadual do Meio Ambiente ainda não divulgou o laudo técnico sobre os efeitos do rompimento. O colapso ocorreu a mil metros de profundidade da terra, portanto, bem abaixo da lagoa, disse o coordenador do departamento de Gerência Costeira do Instituto, Ricardo César.

“Foram feitas coletas preliminares da água na área para ser ter uma ideia do impacto ambiental na região”, disse, acrescentando que nas primeiras análises do IMA ainda não foi identificado nenhum tipo de contaminação.

A restrição do instituto é com relação à segurança, porque não se tem uma resposta precisa sobre a situação da mina. “Não sabemos se houve o colapso total ou se há risco de novas subsidências no teto da mina. A nossa recomendação é no sentido de o pescador evitar a área. Em outros pontos da lagoa não há perigo”, disse Ricardo César.

O IMA cobra da Braskem uma atualização do plano de gestão geológico na área afetada, para identificar se as outras cavidades sofreram ou não algum tipo de impacto durante a movimentação na mina 18”.

Fonte : Gazetaweb

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