Volkswagen suspende produção, Lula amplia orçamento e brasileiros compram carros com até 70% de desconto; entenda

Volkswagen suspende produção, Lula amplia orçamento e brasileiros compram carros com até 70% de desconto; entenda

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Fernanda Lopes
Por Fernanda Lopes

Lula na frente de carros
Estratégia prevista em lei permite adquirir veículos em perfeito estados por preço abaixo do valor de mercado (Imagem: Unsplash; Divulgação/Montagem: Fernanda Lopes)

A mais nova vítima na estagnação no mercado de carros novos é a Volkswagen. A montadora alemã informou nesta quarta-feira (28) que irá interromper a produção de automóveis no Brasil.

Mas o momento é complicado há algum tempo e a Volkswagen não foi a primeira a tomar essa decisão. Outras montadoras como a Hyundai, Stellantis (dona das marcas Fiat, Jeep, Peugeot e Citröen), GM Mercedes-Benz já haviam recorrido a férias coletivas para paralisar a produção de automóveis neste ano.

A paralisação é temporária, mas chama atenção principalmente depois do incentivo do governo Lula para a compra de automóveis, na forma de isenção de impostos que barateiam os preços de alguns modelos.

Uma das consequências esperadas do programa de descontos era impulsionar o setor automotivo, mas, mesmo depois do incentivo, o mercado continua “derrapando”.

Enquanto isso, muitos brasileiros têm deixado a ideia de comprar um carro recém-saído da montadora de lado e recorrido a uma “alternativa” que oferece descontos muito maiores, de até 70% em carros usados.

A seguir, vou explicar melhor a situação.

Desconto de carros de Lula não funcionou?

Todo mundo sabe que o mercado de automóveis vem sofrendo, e não é de hoje.

Um motivo importante para isso é que os automóveis têm ficado cada vez mais caros – um levantamento da CNN mostra que os carros populares encareceram mais de 200% em 10 anos.

Mesmo considerando que o dinheiro “valia menos” 10 anos atrás, por conta da inflação, a alta nos preços dos carros ainda é impressionante.

Um Gol, da Volkswagen, por exemplo, custava R$ 20.600 em 2013, um valor que, corrigido, corresponde a cerca de R$ 37.217 hoje em dia.

Mas esse mesmo modelo está custando praticamente o dobro hoje em dia, valendo R$ 68.500 – ou seja, trata-se de um aumento real de quase 100% no preço do veículo.

E, com as linhas de crédito prejudicadas pelos juros altos, uma parcela significativa da população vem tendo dificuldade para comprar veículos, o que, é claro, prejudica o mercado.

Havia esperança que esse cenário mudasse com o incentivo do governo Lula para a compra de carros zero. Como você deve ter acompanhado, foi publicada uma Medida Provisória no começo do mês para baratear alguns modelos de automóveis.

Além de tornar os automóveis mais acessíveis para a população, era esperado que uma das consequências da medida fosse impulsionar o mercado automotivo.

A medida ainda está em vigência, e funciona assim: o governo ofereceu isenção de impostos para algumas montadoras. Assim, carros avaliados abaixo de R$ 120 mil ficaram mais baratos, com descontos variando entre 1,5% e 10,96%.

O orçamento inicial do programa foi estipulado em R$ 500 milhões, mas na quinta-feira (29) foi anunciado que R$ 300 milhões adicionais seriam disponibilizados.

Até o dia 23 de junho, quase 90% do orçamento inicial de R$ 500 milhões já havia sido utilizado – o que, num primeiro momento, parece indicar que o programa foi um sucesso, não é?

Mas o desconto de Lula não foi suficiente para “salvar” o setor. Mesmo com carros mais baratos, os pátios das montadoras ainda estão lotados de veículos não vendidos.

Como eu já comentei lá em cima, a Volkswagen foi a última montadora a anunciar a paralisação de sua produção em três fábricas no Brasil (a de São José dos Pinhais, no Paraná, e as de São Bernardo do Campo e de Taubaté, ambas em São Paulo).

Gilberto Braga, professor de economia do Ibmec, afirmou à Agência Brasil na ocasião da aprovação da Medida Provisória que os efeitos do programa de desconto do governo seriam modestos, devido à sua curta duração baixo volume de recursos.

Isso parece ter contribuído para a situação das montadoras. Sem contar que é possível que o desconto do Lula não seja assim tão atrativo, concorda?

Afinal de contas, a diminuição máxima possível nos preços dos automóveis nem chega a 11%.

Considerando que mesmo os modelos mais baratos estão com preços bem “salgados”, não fica difícil de entender por que tanta gente deixou de lado a ideia de comprar um carro zero…

Principalmente se levarmos em conta que existe uma maneira “alternativa” de comprar carros com desconto – e estamos falando de descontos muito maiores, e em uma variedade maior de modelos do que aqueles disponibilizados pelo programa do governo.

Fonte : Money Times.

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