Vacinação guiará retomada da economia brasileira no 2º semestre, apontam economistas: quais ações devem se beneficiar mais?

Vacinação guiará retomada da economia brasileira no 2º semestre, apontam economistas: quais ações devem se beneficiar mais?

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Otimismo com PIB cresce, mesmo com solavancos no processo de vacinação; estrategistas destacam Renner e CCR como algumas das ações a ganhar nesse cenário


Por Lara Rizério

(Getty Images)

SÃO PAULO – O Brasil ainda enfrenta números bastante desoladores com a pandemia do coronavírus, registrando mais de 420 mil mortes pela Covid-19 e com um processo de vacinação ainda lento na comparação com outros países, notoriamente os mais desenvolvidos.

Contudo, com a expectativa de aceleração na vacinação, associada à maior resiliência da atividade mesmo em meio aos momentos de piora da pandemia e redução do auxílio do governo, economistas e estrategistas de mercado têm mostrado maior otimismo com a atividade do país em 2021, principalmente a partir do segundo semestre.

Na última segunda-feira, economistas do mercado financeiro elevaram a expectativa para a economia para este ano de alta de 3,14% para elevação de 3,21%, de acordo com Relatório de Mercado Focus. Há quatro semanas, a estimativa era de 3,08%. Para 2022, o mercado financeiro alterou a previsão do PIB de alta de 2,31% para 2,33%.

 

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Com uma previsão ainda mais otimista do que o consenso, a XP revisou a projeção para o crescimento do PIB este ano de 3,2% para 4,1%, e de 1,8% para 2,0% no ano que vem. Na véspera, o Credit Suisse elevou a projeção para o PIB de 3,2% para R$ 3,6% em 2021, destacando que a recuperação do lado da oferta, assim como uma demanda externa muito robusta, devem ser os principais catalisadores de crescimento para o ano. A expectativa para 2022 também foi revista de 2,4% para 2,5%.

Os economistas da XP apontam que os ativos brasileiros vêm passando por uma descompressão, com as fontes de risco que pressionaram no primeiro trimestre registrando alívio a partir de abril. O teto de gastos ficou (novamente) sob forte pressão com a crise do orçamento, mas acabou sendo preservado – ainda que às custas de uma má alocação das despesas discricionárias. A alta dos preços das commodities, em linha com a perspectiva de recuperação global, também é um fator positivo.

Para a XP, contudo, a expectativa de recuperação relativamente rápida da atividade econômica no curto prazo tem como hipótese fundamental a continuidade da melhoria dos indicadores relativos à pandemia. O que, por sua vez, depende de avanços no programa de vacinação da população.

Sobre o tema, as expectativas são positivas: “nossas contas sugerem que a disponibilidade de vacinas a partir de maio será muito superior ao total observado nos primeiros meses de 2021. Por exemplo, esperamos 80 milhões de doses em maio e junho, superando os 72 milhões disponíveis entre janeiro e abril”.

Caso a expectativa de aceleração na aplicação de doses se materialize, a reabertura gradual da economia brasileira deve prosseguir, permitindo uma recuperação consistente do setor de serviços – sobretudo dos serviços prestados às famílias – na segunda metade do ano, levando o PIB total a expandir cerca de 1% na comparação trimestral (em média) no terceiro e quarto trimestres.

Também com uma visão mais otimista, o banco suíço UBS destacou que a atividade econômica brasileira pode se normalizar no mais tardar em outubro, ao fazer projeções sobre o ritmo de vacinação.

 

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De acordo com os economistas Alexandre de Azara e Fabio Ramos, a chamada imunidade de rebanho clássica, de pouco mais de 70% da população, pode ser atingida até o fim do ano levando em conta a hipótese conservadora de que pessoas com 20 anos ou mais sejam vacinadas.

Contudo, a retomada pode acontecer com a imunização de brasileiros acima de 30 anos, de forma a aliviar o sistema de saúde e liberar o funcionamento de atividades que dependem de maior aglomeração. O grupo corresponde a  56% da população, o que pode ser considerado a “imunidade de rebanho efetiva” no país na avaliação do banco. Com a visão de que o grupo deve receber as duas doses da vacina até setembro, a expectativa é de retomada ao “velho normal” no início do quarto trimestre.

Ações para ganhar com a reabertura

Andre Carvalho, Rodolfo Ramos e Fernando Cardoso, estrategistas do Bradesco BBI, também estão mais construtivos em relação ao processo de vacinação no país.

Os estrategistas apontam que a maioria dos países da América Latina segue atrasada na comparação com os Estados Unidos e com os maiores países da União Europeia (UE) na reabertura e normalização de suas economias. Enquanto os países desenvolvidos têm reduzido materialmente o número de mortes desde o primeiro bimestre deste ano, os latino-americanos (com exceção do México) vêm registrando números próximos ao pico.

No entanto, os estrategistas também esperam que esse cenário mude drasticamente nos próximos meses. Assim, avaliam, uma combinação de redução de risco e métricas de avaliação atraentes pode desencadear um melhor desempenho dos mercados acionários nestas regiões.

No caso específico do Brasil, a avaliação é de que o país poderá passar de uma situação de saúde dramática para a reabertura e recuperação econômica mais forte.

“Esperamos que o Brasil vacine seus grupos prioritários até junho, aproximadamente 60% de sua população até setembro e cerca de 73% até dezembro de 2021. Em nosso cenário-base, o Brasil administrará 30 milhões de vacinas por mês, mas terá uma média acima de 50 milhões de vacinas por mês de maio a dezembro de 2021. Portanto, vemos possibilidade de um ritmo mais rápido de vacinação no Brasil”, apontam os estrategistas. Na opinião de Carvalho, Ramos e Cardoso, a economia brasileira atingiu o seu ponto mais baixo em março de 2021 e começou a se recuperar em abril – assim, o processo de vacinação impulsionará uma recuperação econômica e normalização mais expressivas na segunda metade do ano.

Com esse cenário se desenhando, eles destacam alguns setores altamente expostas à reabertura e normalização das economias. Dentre eles, os setores de vestuário, calçados, alimentação fora de casa, shoppings, rodovias, concessionárias de aeroportos, distribuição de combustíveis, companhias aéreas e turismo. “Nos próximos anos, as melhores histórias de crescimento de lucros podem estar relacionadas à reabertura das economias”, apontam.

 

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Alguns destaques positivos em relação à taxa de crescimento médio anual ponderado (CAGR, na sigla em inglês) de lucro por ação entre 2021 e 2023 seriam empresas como Lojas Renner (LREN3) e C&A (CEAB3) no varejo de vestuário e lojas de departamento e Alpargatas (ALPA4) no setor de calçados.

Já Multiplan (MULT3) e Aliansce Sonae (ALSO3) estariam em destaque entre os shoppings, enquanto CCR (CCRO3) e Ecorodovias (ECOR3) seriam boas opções no setor de rodovias entre as ações brasileiras.

Os estrategistas, contudo, possuem as ações de Renner, Alpargatas, Iguatemi, Ecorodovias e BR Distribuidora em sua carteira para a América Latina.

Lojas Renner, por sinal, também está entre as apostas do Bank of America e do Morgan Stanley de ações para ganhar com a tese de reabertura, sendo que o Morgan também conta com os ativos de CCR e o BofA aposta em BR Distribuidora.

“Adicionamos a Lojas Renner [na tese de ações que ganham com a reabertura], uma vez que a companhia é beneficiária de um setor fragmentado, enquanto a mudança na indústria deve acelerar a consolidação do mercado. Os esforços de digitalização também podem ser catalisadores de longo prazo”, aponta a equipe de análise do BofA. Cabe destacar que a Renner levantou R$ 3,98 bilhões em oferta de ações no fim de abril, gerando especulações sobre possíveis aquisições no setor de varejo de vestuário, um dos mais afetados pela pandemia.

Destacando o noticiário de fusões e aquisições e avaliando vestuário como o segmento que deve voltar aos holofotes no pós-pandemia –  por conta da demanda reprimida pela categoria e fácil base de comparação após prejuízos e/ou fortes quedas dos lucros em 2020 -, a XP destaca o Grupo Soma (SOMA3) como o preferido dentre os papéis do setor para se posicionar durante a retomada. A recomendação de compra e o preço-alvo é de R$ 17,00.

Os analistas Danniela Eiger, Thiago Suedt e Gustavo Senday apontam que, após a companhia incorporar a Cia. Hering (HGTX3), ela se tornará a segunda maior empresa de vestuário listada na Bolsa brasileira, trazendo também uma maior liquidez para o papel. Além disso, “tendências de moda se destacam em momentos pós crise e enxergamos o Grupo Soma bem posicionado para se beneficiar deste movimento. Dentre as tendências que acreditamos que ganharão força no novo normal estão as peças de tecidos confortáveis ​​e leves, roupas casuais e coloridas/divertidas, tendências que se encaixam muito bem com a proposta de valor do Grupo”, avaliam os analistas. O Grupo Soma é dono de marcas como Farm e Animale.

Entre outros segmentos do varejo, Assaí (ASAI3) aparece como uma opção de proteção na visão da XP. Isso porque, embora o setor possa sofrer à medida que os consumidores voltam a comer fora de casa, o segmento de atacarejo é uma boa alternativa por conta da recuperação da demanda de pequenas empresas/negócios e também porque deve capturar a mudança de canal dos consumidores, que buscarão por uma opção de melhor custo/benefício. A recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 120 por ação ao final de 2021.

 

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