Foi-se o tempo em que o Brasil tinha a maior taxa de juros do mundo. Um levantamento da Infinity Asset mostra que nosso juro real (obtido quando se desconta a inflação) está em 2,3% ao ano.
É uma taxa menor que a de México, Índia, Rússia e Indonésia. E é bem menor que a de Argentina e Turquia. Veja:
Ranking de taxas de juros reais

*Desconta a inflação projetada para os próximos 12 meses
Em termos nominais, nossa taxa básica de juros, a Selic, em 6,5%, é a sexta maior do mundo.
Essa é uma boa notícia para a economia do país. Juros mais baixos dão às empresas a chance de encontrar financiamento mais barato – não apenas nos bancos (que nem sempre repassam a queda dos juros às taxas dos empréstimos), mas no mercado de capitais, emitindo títulos de dívida.
Para o investidor, a redução dos juros é um desafio. Quem pode deixar seus recursos aplicados por prazos longos e está disposto a ser menos conservador deve buscar aplicações de maior risco – e rendimento potencial maior.
Mas não só isso: é preciso ainda redobrar a atenção com as taxas pagas para investir. Com um juro real de 2,3%, fundos DI que cobram mais do que isso de taxa de administração (e há muitos no mercado) têm rentabilidade real negativa – mesmo antes de ser descontado o imposto de renda sobre o rendimento.
Ou seja, o investidor que deixa seu dinheiro num fundo assim perde poder de compra ao longo do tempo.
Além de prestar atenção a quanto paga para quem está gerindo seu dinheiro, vale a pena procurar investimentos mais rentáveis mesmo na renda fixa.
Apesar de as taxas pagas terem caído, há títulos públicos que oferecem um rendimento real próximo de 4% (maior, portanto, que o juro real de 2,3%). Fora isso, não há taxa de administração nos títulos públicos, e muitas corretoras oferecem taxa zero de custódia para investir nesses papéis – é preciso pagar apenas a custódia obrigatória, da B3, equivalente a 0,25% do valor aplicado, por ano.
No mercado de títulos privados (CDBs, debêntures, LCIs etc), os retornos são maiores – e alguns são isentos de imposto. Mas, antes de investir, é fundamental analisar o risco de crédito de quem está emitindo o papel.
Giuliana Napolitano, editora-chefe do InfoMoney